Pituxa – Carcinoma das Células Escamosas

A Pituxa, uma gata Europeu Comum com nove anos, foi-nos trazida em Julho de 2017 para consulta devido a uma ferida com aspecto granuloso que apresentava na pálpebra inferior do olho esquerdo. A proprietária estava a colocar pomada oftálmica com antibiótico havia cerca de uma semana, mas não observava quaisquer melhorias.

Pituxa – Carcinoma das Células Escamosas

16/09/2018 0
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A Pituxa, uma gata Europeu Comum com nove anos, foi-nos trazida em Julho de 2017 para consulta devido a uma ferida com aspecto granuloso que apresentava na pálpebra inferior do olho esquerdo. A proprietária estava a colocar pomada oftálmica com antibiótico havia cerca de uma semana, mas não observava quaisquer melhorias. Apesar da inflamação palpebral, o olho estava íntegro, sem qualquer outro sinal de lesão. A gata foi medicada com antibiótico e anti-inflamatório e colocou-se um colar isabelino, para prevenir trauma por tentativa de coçar.

Foi também efectuado um esfregaço por aposição para análise citológica em laboratório. O resultado foi Carcinoma das Células Escamosas. Tipicamente, este tumor é mais frequentemente observado no plano nasal ou nos bordos das orelhas; a causa do tumor é frequentemente atribuída à exposição solar, pelo que é comummente observado em gatos brancos ou de pelagem tricolor clara. Muitos donos, erradamente, ao verem estas lesões, pensam tratar-se apenas de simples queimaduras solares. O tratamento de eleição para estes tumores é, em geral, cirúrgico, mas também depende das áreas afectadas e da extensão das lesões. Outros tratamentos não cirúrgicos que podemos considerar são: radioterapia, crioterapia, terapia fotodinâmica, entre outras. Neste caso, optou-se por tratamento cirúrgico que, devido à natureza da lesão, obriga à obtenção de margens “limpas”, isto é, torna-se necessário conseguir uma grande margem de segurança em relação às margens da lesão, para evitar recidivas. Uma vez que a região orbital não é rica em pele excedentária, teve que ser feito um flap (ou enxerto) de mucosa oral (da bochecha) para corrigir o defeito palpebral e conjuntival causado pela extirpação da área afectada.

Nesta fotografia, obtida um mês após a cirurgia, ainda é visível o defeito cirúrgico resultante, tendo o olho ficado um pouco mais fechado, devido à tensão criada pela ablação de tecido palpebral e conjuntival.

A Pituxa recuperou bem e, gradualmente, a pálpebra foi ganhando elasticidade e o olho ficando cada vez mais aberto. Até à data não houve recidiva.

 

 

NOTA: para a resolução deste caso contámos com a colaboração do Dr. Luís Miguez Barroso, a quem deixamos desde já o nosso agradecimento.

Joana Brito (Médica Veterinária)

 


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