David – Um Caso de Obstrução Intestinal
O David é um labrador com 6 meses que, como qualquer cachorro que se preze, é curioso e gosta de roer tudo o que lhe aparece à frente. A vida apresenta-lhe coisas novas todos os dias! Mas nem sempre as investidas exploratórias correm da melhor forma…
O David apresentou-se à consulta com história de vómito incoercível (inclusivé água) havia dois dias. De início fazia diarreia mas nas últimas 24 horas já não tinha defecado. Segundo os donos estava mais prostrado que habitualmente.
Ao exame clínico o David apresentava hipertermia (39,6oC) e detectou-se uma massa abdominal, ao nível do intestino delgado e grande sensibilidade nessa zona. Por haver forte suspeita de ingestão de corpo estranho fez-se ecografia abdominal que revelou imagem compatível com presença de corpo estranho.
O David foi sujeito então a uma laparotomia exploratória, para procura do corpo estranho. Foi identificada a zona da obstrução, apreciou-se o aspecto geral do segmento intestinal afectado, confirmando-se que a parede do mesmo não estava ainda necrosada e que tinha irrigação sanguínea. Confirmados estes pressupostos, bastou abrir a parede intestinal naquela região, retirar o corpo estranho e voltar a encerrar.
O corpo estranho encontrado foi uma chupeta de uma das donas mais novas do David o que, tal como acontece com bolas, não deixa de ser um achado comum nestes casos de obstruções gastro-intestinais. Antes de encerrarmos a cavidade abdominal, confirmámos ainda que não havia mais nenhum corpo-estranho ao longo do aparelho gastro-intestinal.
O David fez medicação anti-emética e anti-ácida, para proteger as mucosas gástrica e intestinal e foi mantido a soro até ao final do dia, altura em que foi para casa com autorização para ingerir apenas uma solução de alimentação/rehidratação, em doses muito pequenas, e indicação para voltar no dia seguinte, para repetir a medicação injectável e reavaliar.
No dia seguinte, o David estava muito bem disposto, não tinha vomitado, já tinha feito fezes pastosas (embora com algum sangue, como resultado da intervenção cirúrgica) e demonstrava ter muito apetite. Foi então com indicação para ingestão de comida húmida (fraccionada em pequenas porções dadas várias vezes ao dia) e com prescrição de antibiótico, analgésico e protectores gástricos por via oral.
Ao fim de cinco dias o David veio retirar o penso e estava completamente recuperado desta aventura!
Joana Brito (Médica Veterinária)
6 comentários
Marta Chrystêllo
16/03/2015 at 10:31
Obrigada por tudo o que fizeram ao meu David ! Mais um amigo para ficar “freguês” da Bola de Pêlo!
Bola de Pêlo
16/03/2015 at 23:17
De nada Marta! Foi um prazer termos ajudado o David a recuperar da sua aventura… Esperemos que ele não tenha ficado fã de chuchas 😉 !
Paula Chrystello
16/03/2015 at 22:03
Sou a “avó ” do David. Obrigada por o terem tratado tão bem. Bem.
Bola de Pêlo
16/03/2015 at 23:19
Dissemos que trataríamos dele o melhor possível! Ficamos felizes por ter corrido tudo bem. O seu “neto” é adorável 🙂 !